Dia 6 de agosto, segunda, às 20h na Terreira da Tribo (Rua Santos Dumont,
1186)
Reflexo do homem que, frente à inevitável compreensão de que o destino não estava escrito por nenhuma “deidade”, criou uma acima dele para sentir-se a salvo da incerteza. Não sabendo o que fazer, porque o ideal do destino escrito estava arruinado, foi desenhando no tempo o “dever fazer” numa confabulação generalizada.
“La Conspiración de
los Objetos” é uma montagem articulada através de episódios cênico-musicais,
que vão encontrando uma progressão e unidade entre si, sustentando um relato
fragmentado. Nesta dinâmica, a sequência de diferentes situações transcorre
dando forma aos universos onde os momentos se desenvolvem.
O espaço, com
reminiscências da arena de circo, fechado por trás dos atores com espelhos que
os refletem por vezes distorcidos, deformados. O espaço funciona como o que é:
uma realidade concreta, um marco circunstancial que provoca a ação.
A música original do
espetáculo para violino, bandoneon e percussão é tocada em cena e longe de ser
um elemento que acompanha a ação, é a ação mesma dos personagens. Tocar música
é algo do que eles vêm fazer e se enlaça como um elemento da própria cena, da
trama.
A localização
dinâmica dos personagens, sua ação dentro deste “concerto cênico” é o que está
escrito em suas partituras. O que fazem, como se relacionam, o que dizem, o que
tocam, que objetos utilizam, etc., já está planejado. Isto faz que os
personagens, ao querer “conduzir-se” em nome próprio, em primeira pessoa, mas
com palavras e ações que não são próprias, tenham um trânsito profanador e
paródico. Eles narram sua paródia. Eles suspeitam e se assombram com o que está
escrito. A inteligência ou lucidez de seu olhar, nunca chega, nunca consegue
desativar o mecanismo. Tontos e adormecidos se conduzem pressionados pela mão
invisível da história e do comportamento herdado.
Os personagens de “La
Conspiración...” revelam o homem não sujeito, o homem objeto nas circunstâncias
já estabelecidas. Narram a espécie de malefício de que fazem parte. Eles são
parte do mecanismo. Situam-se como seres inteligentes; e finalmente
inconsequentes e paródicos nunca conseguem entender algo da dimensão do que
fazem. A ação se apoia numa
linguagem não realista, com linhas surrealistas, que busca tramar a totalidade
dos elementos da encenação.
Entre as vozes que
foram referência ou inspiração para a montagem de “La Conspiración de los
Objetos” se encontram Giorgio Agamben, Tadeuz Kantor, Aldo Pelegrini, Linton,
R. M. Rilke, Rimbau, entre outros.
FICHA TÉCNICA
Atores: Hugo De Bernardi, Julieta Fassone
e Andrea Ojeda
Direção e tratamento dramático: Diego Cazabat
Composição musical: Hugo De Bernardi
Arranjos e tratamento musical: Nicolás Wio
Cenografia e luz: Diego Cazabat
Assistência: Luciano Tassitani
Figurinos: Periplo Compañía Teatral
Registro fotográfico: Diego Ojeda
Voz em off: P. Pérez
Assistência de sala: Carolina Block
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